5.04.2004




MINIBIOGRAFIA

Não me quero com o tempo nem com a moda
Olho como um deus para tudo de alto
Mas zás! do motor corpo o mau ressalto
Me faz a todo o passo errar a coda.

Porque envelheço, adoeço, esqueço
Quanto a vida é gesto e amor é foda;
Diferente me concebo e só do avesso
O formato mulher se me acomoda.

E se a nave vier do fundo espaço
Cedo raptar-me, assassinar-me, cedo:
Logo me leve, subirei sem medo
À cena do mais árduo e do mais escasso.

Um poema deixo, ao retardador:
Meia palavra a bom entendedor.

Luíza Neto Jorge, in Poesia, Assírio & ALvim, 1993.

Soube este poema de cor durante anos, apesar de ser um poema maduro de uma mulher envelhecida estas palavras faziam todo o sentido para mim e para a minha interpretação das mesmas; escrevia-o nos cadernos e na bata de Química...entretanto esqueci-o e hoje, ao voltar a lê-lo já não senti a mesma coisa. Isto já me tinha acontecido por volta dos 16 anos com o Jim Morrison. O que se seguirá?