Perfeição garantida a partir do seu sofá
No meu país adoptivo, qualquer problema humano imaginável tem um programa de televisão dedicado à sua resolução.
Mil e um para quem não sabe cozinhar (que é, realmente o problema mais epidémico), duas mulheres irritantes a gritar aos ouvidos de quem não se sabe vestir (o segundo problema mais epidémico), dois ou três para comprar casa, outros tantos para uma segunda casa, um diferente se a casa for fora do país,uma falsa PhD a humilhar obesos , uma cópia menor da personagem "The Secretary" para quem perdeu o controlo nos filhos. Ah, e uma especialista em casos desesperados de dívidas. Não me posso esquecer, claro, das senhoras que ensinam a limpar a casa.
Podem pensar que o espectro de incapacidades humanas está coberto e que a figura perfeita, uma casa fantástica, filhos bem-comportados, um guarda-roupa lindo, habilidade gastronómica, resumindo, a vida perfeita, estariam à distância de um comando bem sintonizado.
Também pensei, mas havia uma lacuna. As pessoas que não conseguem educar os cães estavam miseravelmente abandonadas à sua sorte. Uma injustiça. Até agora porque chegou o "It's me or the dog".
A minha primeira reacção foi achar um disparate. Até que vi duas pobres almas cuja ideia de passear os cães passava por meia hora de gritos e walkie-talkies em punho (não fossem eles fugir) com os cãezinhos a correr num campo electrificado (não fossem eles fugir, novamente). À hora do jantar, os cãezinhos jantavam borrego no forno com vegetais, o que demorava horas a preparar pelo que a refeição da família ficava reduzida a lasanha congelada. Foram salvos, a senhora foi lá e explicou, a algum custo, que se calhar seria melhor o passeio dos cães ser um momento relaxante e que talvez não fosse má ideia dar prioridade às refeições da família e quem sabe, num acto de loucura, os cães se contentarem com comida de cão e restos.
Gosto destes programas, confesso. Fazem-me sentir normal. Este, em especial, fez o meu cão parecer normal (apesar da noite de Natal ter sido passada a tentar explicar-lhe que cão da minha tia era um CÃO).
Mil e um para quem não sabe cozinhar (que é, realmente o problema mais epidémico), duas mulheres irritantes a gritar aos ouvidos de quem não se sabe vestir (o segundo problema mais epidémico), dois ou três para comprar casa, outros tantos para uma segunda casa, um diferente se a casa for fora do país,uma falsa PhD a humilhar obesos , uma cópia menor da personagem "The Secretary" para quem perdeu o controlo nos filhos. Ah, e uma especialista em casos desesperados de dívidas. Não me posso esquecer, claro, das senhoras que ensinam a limpar a casa.
Podem pensar que o espectro de incapacidades humanas está coberto e que a figura perfeita, uma casa fantástica, filhos bem-comportados, um guarda-roupa lindo, habilidade gastronómica, resumindo, a vida perfeita, estariam à distância de um comando bem sintonizado.
Também pensei, mas havia uma lacuna. As pessoas que não conseguem educar os cães estavam miseravelmente abandonadas à sua sorte. Uma injustiça. Até agora porque chegou o "It's me or the dog".
A minha primeira reacção foi achar um disparate. Até que vi duas pobres almas cuja ideia de passear os cães passava por meia hora de gritos e walkie-talkies em punho (não fossem eles fugir) com os cãezinhos a correr num campo electrificado (não fossem eles fugir, novamente). À hora do jantar, os cãezinhos jantavam borrego no forno com vegetais, o que demorava horas a preparar pelo que a refeição da família ficava reduzida a lasanha congelada. Foram salvos, a senhora foi lá e explicou, a algum custo, que se calhar seria melhor o passeio dos cães ser um momento relaxante e que talvez não fosse má ideia dar prioridade às refeições da família e quem sabe, num acto de loucura, os cães se contentarem com comida de cão e restos.
Gosto destes programas, confesso. Fazem-me sentir normal. Este, em especial, fez o meu cão parecer normal (apesar da noite de Natal ter sido passada a tentar explicar-lhe que cão da minha tia era um CÃO).
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