11.17.2004

2 urgências inconsequentes sobre filmes

1-Muito chato quando uma imagem faz parte do nosso imaginário, uma personagem nos habita por dentro, nos acompanha e enternece ao ponto de ser, até, um bocadinho nossa e de repente..pufffff....aparece estampada em carteiras da loja dos chineses (que já são uma imitação de outras carteiras onde ela já apareceu estampada também), em chávenas, em postais de parabéns, canequinhas de chá, num tabuleiro daqueles com almofada de servir o pequeno-almoço na cama e, o cúmulo do cúmulos, num anúncio de batatas fritas. Claro que estou que falar da Holy Golightly, claro que não há “glamour” que resista a todo este brique-a-braque e claro que acho que certas imagens deviam ser intocáveis, devia ser criado um património do imaginário que as protegesse do “marketing”.

2-Gosto muito neste filme (até mais do que da cara do Theo) quando eles encarnam personagens, momentos, sensações de filmes e os tais filmes aparecem nos ecrãs, como música de fundo, cenário alternativo, rede de segurança contra o embate da realidade.
Acontece-me às vezes mas só por dentro.Estou a pensar contratar o Bertolucci para me dirigir o pensamento nesses momentos.Talvez ele consiga transformar Reading em Paris, isso sim era de mestre.